23.10.17

Algumas biografias de Stalin (artigo já publicado aqui)

Na sequência da memória dos 100 anos da Revolução Russa,aproveito para republicar uma longa "resenha" que fala de algumas biografias de um dos personagens mais complexos e polêmicos desse movimento que surpreendeu e determinou parte significativa da História do século XX. (Vai ser publicado um capítulo por dia).


As verdades sobre Stalin - O mito e as interpretações

Capitulo I - Stalin um baixinho do barulho!
Lenin se tornaria Stalin ou Trotski, se vivesse mais tempo. Essa afirmação curiosa de Isaac Deutscher define o quadro da encruzilhada em que se encontrava a revolução que acabara de ser deflagrada e a raiz da luta que seria travada no final da década de vinte.Na perspectiva de Lenin, Moscou seria apenas uma etapa da implantação do socialismo”, cujo endereço de chegada era Berlim. A grosso modo, pode-se dizer que Trotski representava a radicalização dessa visão com sua idéia de “revolução permanente”.Stalin por sua vez representava a posição de defesa e consolidação do território conquistado sem a expansão de suas fronteiras. Ele venceu a parada, implantou a via do socialismo em um só país e comandou por três décadas o contraditório processo histórico de construção de uma estrutura política, econômica e social totalmente nova num bloco de nações que cobria uma vastíssima região do globo. Durante seu domínio esse “país” saiu do estágio semi-feudal e se projetou como uma potência nuclear. Enfrentou a blitzkieg do exército nazista na segunda Guerra mundial a um custo de 20 milhões de mortes do seu lado, mas venceu Hitler que não viveu para ver os soldados do Exército Vermelho cravando a bandeira com a foice e o martelo no coração de Berlim. E como butim desse conflito expandiu o domínio soviético a um conjunto expressivo de países do leste Europeu.
Logo após a morte de Stalin, quando em 1956 Nikita Kruschev denunciou seus fabulosos crimes no 20º Congresso do Partido Comunista da URSS, o mundo comunista caiu na real: afinal o “Pai dos Povos”,”O maior Gênio da História”, o “Mestre e Amigo de Todos os Trabalhadores”, o “Sol Nascente da Humanidade”, a “Força Viva do Socialismo” era um assassino?! Mesmo com o desmonte do culto da personalidade, ainda assim, por muito tempo pairou uma nuvem de sigilo sobre esse baixinho atarracado de 1.68m que gravou seu nome numa época sombria- o que o tornou um dos personagens mais enigmáticos da história do século vinte.
Isso explica a voracidade com que os pesquisadores cairam sobre os papéis que vieram a luz com a abertura, em 1991, dos arquivos com os documentos “ultra-secretos” da chamada cortina de ferro. O resultado foi uma enxurrada de biografias. Duas obras dessa novíssima onda chegaram às praias brasileiras: ”Stálin- a corte do Czar Vermelho” do historiador e jornalista inglês Simon Sebag Montefiore e ”Um Stálin desconhecido” dos gêmeos Medvedev. Aproveitando a maré vermelha, até “Stalin- Uma Biografia Política”, excelente, apesar de ter sido escrita por Isaac Deutscher em 1948 foi reeditada com nova tradução.
(continua amanhã)

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