2.11.12

Ivon Curi: um saudoso ator da canção e "chansonnier" tropical, de passo elegante pela via do entretenimento

"J`attendrai le jour et la nuit/j`attendrai toujours ton retour/j`attendrai car l`oiseau qui s`enfuit vient chercher l`oubli dans son nid/le temps passe et court/ en battant, tristement, dans mon coeur si lourd/et pourtant j`attendrai ton retour..."                Prezados amigos,             Como um Jean Sablon em miniatura e cantando, em 1939, do repertório do galante francês o nascente clássico "J`Attendrai", Ivo José Curi, caxambuense, ganhou, em sua cidade, um concurso de calouros. Contava, então, 11 anos de idade, revelando inequivocamente a veia artística que, do Circuito das Águas ao Rio de Janeiro (onde se fixou a partir de 1946), levá-lo-ia, já Ivon Curi (fotos abaixo) na antiga capital federal, à fama, que também pegaria pela palavra dois irmãos seus, mais velhos: os locutores Alberto Curi (noticiarista) e Jorge Curi (esportivo - antes dentista). Na Velhacap, inicialmente, após defender o próprio sustento no Laboratório Silva Araújo e na Panair do Brasil (nesta como vendedor de passagens), apresentou-se, pela primeira vez, às luzes da ribalta, em 1947, como "crooner", contratado por Caribé da Rocha para shows no Copacabana Palace, acompanhado pela orquestra do maestro Zaccarias. Um período em que, também no rádio - cantando na Nacional como convidado de programas em que cintilavam Marlene e Emilinha Borba, entre outras vozes do agrado popular -, a canção francesa de sucesso e verniz romântico ainda o amparava, destacando-se na interpretação aveludada da valsa "Pigalle" e do fox "C`est Si Bon". Um "chansonnier" tropical que, no entanto, na década seguinte, daria largas à sua comunicação com o público por outras vias de expressão: atuando em cinema e, na Atlântida, marcando um tipo na fase áurea da chanchada - janota, de ar aristocrático e chegado a trejeitos interpretativos -, além de, em sintonia de ondas curtas, dar uma guinada radical no repertório, redestinado, sobretudo, a ritmos nordestinos amplamente divulgados, como o xote e o baião.           No exterior, aonde, consequentemente, os bem-sucedidos passos artísticos em solo pátrio o conduziriam, teve especial acolhida em Lisboa, com casas cheias que lhe renderiam elepês, em 1957 e 1959, pela RCA Victor - "Eu em Portugal" (vols. 1 e 2), quando já se exercitava também como um "entertainer", fazendo mímica e contando piadas. Na Odeon, em 1963, esse quê chistoso daria um gás à produção de "Um Espetáculo À Parte" (capa abaixo), ao qual, naturalmente, não faltaria humor a músicas como "Amor Naquela Base", de Moura Jr. e Zé Araújo, e "O Felizardo", esta de um surpreendente Vicente Celestino. Parceiro do autor teatral Meira Guimarães em "Casar É Bom" e do discotecário Paulo Gesta em "O Chato" -, Ivon explorou o veio como um compositor de valor. A sós, no entanto, em outra vertente da inspiração, faria o seu "amendoim torradinho" - o belo samba-canção "Escuta" -, bem provado por Angela Maria e por ela bem servido em gravação sensível e de ampla difusão. Faleceu, em 24 de junho de 1995, aos 67 anos, tendo alegrado, por alguns anos, na década de 70, as noites cariocas com concorridos shows em casa própria, o restaurante-boate Sambão e Sinhá - na Rua Constante Ramos, em Copacabana -, no qual, além de atuar, recebia artistas convidados. Se chique despontou para o palco, chique também dele, em 1993, o inconfundível Ivon se despediu, em espetáculo intitulado "A França e 15 Saudades". Todas melodiosas, "bien sûr", e uma delas, em particular, vinda da centelha nostálgica de outro de seus ulalás "bleu, blanc, rouge",  o monumental Charles Trenet: "Douce France/cher pays de mon enfance/bercée de tendre insouciance/je t´ai gardée dans mon coeur/mon village au clocher aux maisons sages/où les enfants de mon âge on partagé mon bonheur..."           Um bom dia a todos. Muito grato pela atenção.             Um abraço,             Gerdal          Pós-escrito: do primeiro ao quarto "links", o mineiro "mineralizado" Ivon Curi é ouvido em: 1) "Sob o Céu de Paris", versão de Oswaldo Quirino para a valsa "Sous le Ciel de Paris"; 2) "Sai, Menina!", xote dele em imagem da comédia "Garota Enxuta", de J. B. Tanko, em cartaz em 1959; 3) "Farinhada", do médico Zé Dantas, na regravação que fez, em 1987, desse sucesso de carreira; 4) "João Bobo", outro de seus sucessos, uma valsa que fez e a que dava, como nesta gravação, inflexões dramáticas. No quinto "link", "Escuta" na voz da referida Sapoti, em cena do filme "O Rei do Movimento", de 1955, dirigido por Vítor Lima. No sexto e no sétimo "links", respectivamente, Ivon, de volta, em "Delicadeza" (joia irônica de Pedro Rogério e Lombardi Filho que Ivon canta em sequência de "Depois Eu Conto", longa-metragem de 1956, dirigido por dois bambambãs da chanchada, José Carlos Burle e Watson Macedo) e "Não Bula Comigo", de Chico Anysio e Hianto de Almeida. Em "links" extras: 8) "J´Attendrai", com Jean Sablon, em registro original de 1939; 9) "Douce France", por Trenet, "en personne", em imagem de show do já longínquo 1963.                         http://www.youtube.com/watch?v=DTcRIyvpaww ("Sob o Céu de Paris")             http://www.youtube.com/watch?v=jEdG30PQVbY&feature=related ("Sai, Menina!")             http://www.youtube.com/watch?v=LjPBWoHtPr8 ("Farinhada")             http://www.youtube.com/watch?v=XRDy6_1VO8A&feature=related ("João Bobo")             http://www.youtube.com/watch?v=V98-lCjNLcQ ("Escuta")             http://www.youtube.com/watch?v=qQMWPduun0Y ("Delicadeza")             http://www.youtube.com/watch?v=Pf5jZtLRIyQ ("Não Bula Comigo")                      http://www.youtube.com/watch?v=VKXq_030_uQ ("J`Attendrai")             http://www.youtube.com/watch?v=kbQ5e5wt60s&feature=related ("Douce France")
     

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