18.3.12

Affonso Romano de Sant’Anna no Diálogos Abertos Nesta terça, 20/03/2012, 18h, MAMM


(Mais uma vez volto ao blogue, furando minha barreira que construí para estudar e escrever para o meu mestrado. Mas o motivo é justo, trata-se de publicar um texto do meu amigo Jorge Sanglard - Jornalista e Pesquisador, sobre o poeta Affonso Romano de Sant'Anna que encontrei recentemente num almoço comemorativo pelos 80 anos de Alberto Dines junto com a nação JB.)
Nota explicativa: o MAMM é o Museu de Arte Murilo Mendes e fica na Rua Benjamin Constant, 790, no Centro de Juiz de Fora

Ensaísta, cronista, poeta e jornalista, Affonso Romano de Sant’Anna é um dos intelectuais mais influentes no Brasil contemporâneo. Sua geração viveu a utopia e o seu avesso, e o escritor tem declarado que é necessário rever o século XX, com todos os sonhos e equívocos, caso contrário, não entraremos no século XXI. Antenado com seu tempo, lutou contra a ditadura militar entre as décadas de 1960 e 1980 e sempre foi uma voz indignada contra a opressão e a favor da liberdade. A função do intelectual, para ele, é interferir na história e no cotidiano. Afinal, argumenta, o mundo tornou-se mais complexo e a cultura da pós-modernidade é o culto do superficial, da cópia, do marketing, da fragmentação, dos falsos valores. Em meio è violência nos grandes centros urbanos, o poeta vislumbra de sua janela no Rio de Janeiro as contradições da cidade partida e o desencanto com o abismo social no Brasil. Durante os seis anos em que presidiu a Fundação Biblioteca Nacional, tendo como atribuição a política do livro e a leitura, assegura ter feito tudo o que se podia para o brasileiro ler mais. Incisivo, afirma: literatura é vida. Nascido em Belo Horizonte , em 1937, e criado em Juiz de Fora, a partir dos três anos de idade, teve uma infância de menino pobre, trabalhando desde cedo como carregador de marmitas e de trouxas de roupas para lavadeiras, além de vender balas no colégio e no cinema para pagar seus estudos. No Grupo Escolar Fernando Lobo e no tradicional colégio metodista Granbery, iniciou a paixão pelos livros, que encontrava nas bibliotecas do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do restaurante popular do Saps. Como filho de pais protestantes, foi criado para ser pastor e, aos 17 anos, já pregava  o evangelho em várias cidades do interior de Minas Gerais. Mas o jornalismo e a literatura falaram mais alto. No entanto, essa experiência foi decisiva para impregnar de forte conteúdo social sua prosa e sua poesia e, já em seu primeiro livro, “O Desemprego da Poesia”, um ensaio lançado em 1962, apontava o rumo da indignação. Seu primeiro livro de poesias, “Canto e Palavra”, foi editado em 1965. Durante dois anos, lecionou Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia, em Los Angeles , e em 1968 voltaria aos Estados Unidos como bolsista do International Writing Program, em Iowa, onde permaneceu por dois anos e vivenciou as transformações de comportamento que marcaram o século XX. Ao retornar ao Brasil, em 1969, defendeu a tese de doutorado “Carlos Drummond de Andrade, o Poeta ‘Gauche’, no Tempo e Espaço”, na Universidade Federal de Minas Gerais. Editada em 1972, esta tese deu projeção ao escritor, que conquistou importantes prêmios literários brasileiros. Intensificou na década de 1970 sua atuação como professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, em 1976, articulou a vinda ao Brasil de renomados conferencistas internacionais, em plena ditadura militar, com destaque para o sociólogo francês Michel Foucault. Ainda nesse ano, voltaria novamente aos Estados Unidos e lecionaria Literatura Brasileira na Universidade do Texas. Dois anos mais tarde, já na Alemanha, lecionou Literatura na Universidade de Colônia, e lançou o livro “A grande fala do índio guarani”. Em 1980, lançou o livro de poesias “Que país é este?”, ganhando repercussão após o “Jornal do Brasil” publicar o poema homônimo. Na França, como professor visitante, lecionou durante dois anos, na Universidade Aix-en-Provence. E, a partir de 1984, passou a escrever no “Jornal do Brasil” a coluna anteriormente assinada por Carlos Drummond de Andrade. Em 1986, saiu publicado seu primeiro livro de crônicas, “A Mulher Madura”. Entre 1990 e 1996, presidiu a Fundação Biblioteca Nacional, onde iniciou a informatização do acervo, criou o Sistema Nacional de Bibliotecas e o Programa de Promoção da Leitura (Proler), espalhando mais de 30 mil voluntários em cerca de 300 cidades brasileiras, e passou a editar a revista “Poesia Sempre”. De 1993 a 1995, presidiu o Conselho do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (Cerlalc), e assumiu a secretaria geral da Associação das Bibliotecas Nacionais  Ibero-Americanas, entre 1995/1996. Desde o final dos anos 1990, o escritor vem doando parte de seu acervo de livros para a Biblioteca Municipal Murilo Mendes, em Juiz de Fora. Atualmente escreve uma coluna de crônicas, aos domingos, no caderno “Em Cultura” do jornal Estado de Minas.
 Jorge Sanglard - Jornalista e Pesquisador.
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