25.1.12

Nei Lopes dirige sua palavra à posteridade, nesta quarta, em depoimento sobre vida e carreira no Museu da Imagem e do Som




Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, da antiga Universidade do Brasil (hoje UFRJ), Nei Braz Lopes (foto acima) encontrou em si mesmo, sem narcisismo, no compositor, escritor e pesquisador Nei Lopes, a melhor causa que poderia abraçar. Uma causa nobre de cuja evolução bem encaminhada, com suas músicas de sucesso e seus textos de referência, beneficia-se a cultura nacional, de modo expressivo, sobretudo no combate à discriminação racial, entre outras iniquidades, trazendo luz forte de farol à questão da afroascendência e, a partir dela, contribuindo para a expansão de um entendimento renovado deste enigma continental sobejo em graças e contradições chamado Brasil. Caçula entre irmãos numerosos, Nei, ainda menino, colecionava recortes de personalidades negras, como Pixinguinha e Louis Armstrong, principiando, assim, uma consciência que o levou do Irajá, já ido em sua vida desde o berço, à estiva intelectual de agora, em Seropédica, no interior fluminense, com muita "malhação" mental e tantos livros publicados numa produção fantástica em extensão e merecimento. Homem de palavra e da palavra, dela ainda faz uso ao exercitar a sua inteligência e aquilino olhar crítico num blogue - Meu Lote - que vale a pena ser acessado, porque, mesmo que se discorde de uma ou outra opinião que emite - até por esta poder ser ou parecer radical -, é sempre fonte de reflexão procedente, muito bem embasada, de informação confiável, de valiosa ensinança e, ainda, em linhas divertidas, por exemplo, daquele trocadilho tão bem sacado quanto um chope bem tirado. 
      Da inspiração que visita o compositor, Nei Lopes tem feito outro percurso admirável e mais conhecido, desde o seu primeiro registro em disco, em 1972, como tal - então, ainda não "o tal" ou "o cara", como a ele já se referiu o cantor e colunista Aquiles Rique Reis, do MPB4 -, por meio de gravação de Alcione do samba "Figa de Guiné", feito em parceria com outro carioca, nascido em São Cristóvão, Reginaldo Bessa - numa fase de muitos "jingles" bolados por eles, que, dois anos depois, ganhariam um festival na UniRio com "sexto Andar". Entre outros grandes parceiros que viriam, Wilson Moreira, de Realengo, avulta, também pela constância na criação conjunta, como o mais lembrado. Por essas e outras, Nei Theodoro Lopes, o Neizinho, jovem componente do conjunto DNA do Samba, filho de Nei e da professora Helena Theodoro, tem muito do que se orgulhar do pai que tem (também da mãe, que, há muito, integra, no desfile principal das escolas de samba na Sapucaí, o júri do Estandarte de Ouro). É sempre notável o poliédrico Nei no que faz ou no quanto de afirmação, negro mesmo, que encarna. Chutando o balde ou sincopando o breque, de letra e música.         
      Um bom domingo a todos. Muito grato pela atenção.

      Um abraço,

      Gerdal

Pós-escrito: 1) nesta quarta-feira, 25 de janeiro, a partir das 13h30, com entrada franca, no auditório do MIS (Museu da Imagem e do Som), situado na Praça XV, Nei Lopes presta o seu depoimento à posteridade. A mesa terá coordenação da professora Rachel Valença, historiadora e vice-presidente da instituição, e a presença dos entrevistadores Joel Rufino dos Santos, também historiador, Cláudio Jorge, músico e compositor (parceiro do entrevistado em "Tia Eulália na Xiba", entre outras), Alberto Mussa, escritor, e Fernando Molica, jornalista (convite acima);
                   2) nos "links" seguintes, 1) Nei Lopes aparece, com o violonista e arranjador Ruy Quaresma e a cantora e cavaquinhista Nilze Carvalho, entre os músicos em cena, em imagens de divulgação de um DVD sobre a sua carreira; 2) canta um dos mais belos sambas feitos com Wilson Moreira, "Morrendo de Saudade", que foi muito bem gravado por Beth Carvalho; 3) canta "Sambista Perfeito", resultante da parceria com Arlindo Cruz; 4) de Nei Lopes e João Nogueira, "Baile no Elite", outra maravilha de samba, lembrado pelo conjunto do Samba do Baú, que rola em Sampa.


     http://www.youtube.com/watch?v=wjGpV1q3npM
(vídeo-release de DVD sobre Nei)

     http://www.youtube.com/watch?v=AQ87y8n_238&feature=related ("Morrendo de Saudade")

     http://www.youtube.com/watch?v=iIm2dU90OFQ&feature=related
("Sambista Perfeito")

     http://www.youtube.com/watch?v=OuxITGUV_Vs&feature=related
("Baile no Elite")

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