14.9.11

Assis Valente é o bamba da vez na série MPB na ABL, nesta quarta, cantado pelo Samba de Fato e por Marcos Sacramento (grátis)





"Vem vadiar no meu cordão/cai na folia, meu amor/vem esquecer tua tristeza/mentindo à natureza/sorrindo à tua dor..."

 
       Prezados amigos,
 
       E o mundo não se acabou no dia 11 de março de 1958 - quando pôs termo à própria vida, ingerindo guaraná com formicida em banco da praia do Russel, na Glória, o baiano Assis Valente (foto acima) -, mas, certamente, no âmbito da MPB, findou-se prematuramente, aos 46 anos de idade, a arte de um gênio criador, "bipolar", de lira oscilante entre a exaltação e a amargura. Ou fundindo-as, como nos versos acima, do samba "Minha Embaixada Chegou", há pouco regravado pelo conjunto Sururu na Roda e um dos vários sucessos, como ainda  "Good-Bye Boy", "Camisa Listrada" e "Uva de Caminhão", que alcançou na voz de Carmen Miranda, sua mais exuberante intérprete. Levando a vida no arame, afligido por dívidas, tresloucava-se Assis, naquele dia funesto, em gesto terminal, desesperado, após tentativas frustradas de abreviar-se a existência, numa delas despencando do Corcovado, com queda amortecida por uma árvore frondosa e consequente resgate de bombeiros. De personalidade, portanto, moldada por anos de vivência conturbada, a que não faltaram conflitos de orientação libidinosa, Assis era um compositor em declínio, nos anos 50, do ponto de vista da demanda de suas músicas para gravação - apesar de lembrado em homenagem por Marlene em todo um disco feito em 1956 por sugestão do violonista Luiz Bittencourt. Recompos-se, "post-mortem", à atenção midiática e a gerações seguintes por meio de registros como o de Nara Leão, em 1969, para "Fez Bobagem" (lançado, em 1942, por Aracy de Almeida") e, especialmente, em 1972, com uma empolgante regravação de "Brasil Pandeiro" pelos Novos Baianos, estes reiterando, em escala ampliada, o êxito dos Anjos do Inferno, em 1940. Curiosamente, esse samba, considerado por muitos a consagração maior de Assis Valente na esfera autoral, tivera rejeição de uma Pequena Notável recém-chegada ao Rio dos EUA, o que muito entristeceu o compositor, estabelecido no ramo da prótese dentária e portador de traço apreciável, com desenhos publicados em revistas de prestígio, como a "Fon-Fon", já em 1927, pouco depois da sua chegada à Velhacap, vindo de Salvador.
        Neste 2011 do seu centenário de nascimento, Assis Valente é o nome escolhido para homenagem prestada nesta quarta-feira, 14 de setembro, com entrada franca, às 12h30, pela Academia Brasileira de Letras no Teatro Raimundo Magalhães Jr. (Av. Presidente Wilson, 203 - Castelo - tel.: 3974-2500), cantado por Marcos Sacramento, em participação especial, e pelo Samba de Fato (Pedro Amorim, Alfredo Del-Penho, Pedro Miranda e Celino Dias, que conduzem o show, responsáveis ainda pela instrumentação, pelo repertório e pelos arranjos - todos eles em foto acima)       
         Um bom dia a todos. Muito obrigado pela atenção à dica.
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A propósito: nos "links" seguintes, composições de Assis Valente pelas vozes dos cegos que compunham os Titulares do Ritmo em 1) "Não Quero Não" e 2) "Maria Boa"; 3) "Alegria", pela mato-grossense Vanessa da Mata; 4) "Tem Francesa no Morro", em gravação de 1932 feita por Araci Cortes; 5) Ná Ozzetti canta "Recenseamento" em cadência modificada e atraente; 6)  "E o Mundo Não se Acabou", com Carmen Miranda, que aparece numa montagem de cenas de dois de seus filmes nos EUA.


         http://www.youtube.com/watch?v=MjHLBYXPeVI&feature=related
("Não Quero Não")

         http://www.youtube.com/watch?v=SGXSG7rQUtc
("Maria Boa")       

         http://www.youtube.com/watch?v=rrX23OCprrY&feature=fvwrel
("Alegria")

         http://www.youtube.com/watch?v=PKa9LSsJhXo&feature=related
("Tem Francesa no Morro")

        http://www.youtube.com/watch?v=hUqwI7xpr8c&feature=related ("Recenseamento")

        http://www.youtube.com/watch?v=5GxA4Elbx80&feature=related ("E o Mundo Não Se Acabou")

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