13.9.11

Amelia Rabello canta, hoje e amanhã, no Rival, e lança disco que adentra o coração da plateia por sons delicados



"Ruas Que Sonhei", pouco lembrado, é um belíssimo samba de Paulinho da Viola enriquecido, no primeiro "link" abaixo, pela voz melodiosa de Amelia Rabello. É faixa do primeiro disco solo dessa grande cantora, professora da Escola Portátil de Música, na Urca, que, nos dois "links" seguintes, interpreta, com imagens de palco do IV Festival Nacional do Choro, em São Pedro (SP), "Duro com Duro", de Ary Barroso, e "Ralador", de Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro, cunhado dela. No quarto e último "link", um registro ao lado do saudoso mano Raphael Rabello, que a acompanha em "Pra Que Mentir", de Noel Rosa e Vadico.
        Curti muito, assim que foi lançado pela Velas, em 1989, o referido elepê de Amelia - lembro-me ainda de uma outra faixa dessa bolacha, muito bonita, que ouvi bastante, "Avesso", de Cristóvão Bastos e Paulo César Pinheiro -, e, certamente, o seu recentíssimo "A Delicadeza Que Vem desses Sons" chega caprichado ao aplauso do público presente ao show de lançamento do CD, nesta terça e nesta quarta, 13 e 14 de setembro, no Rival. A respeito, repasso, abaixo, com "flyer"(acima), o recado recebido da amiga jornalista Monica Ramalho, até mesmo com sucintas considerações sobre cada uma das canções.
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         http://www.youtube.com/watch?v=RkAGFJnCv1w&feature=related ("Ruas Que Sonhei")

         http://www.youtube.com/watch?v=XsiiBV-3YXg&feature=related ("Duro com Duro")

         http://www.youtube.com/watch?v=kch1kdKpZwU&feature=related
("Ralador")

         http://www.youtube.com/watch?v=LCKeGDyoDwo&feature=related ("Pra Que Mentir")


Amelia Rabello lança disco comemorativo
em 13 e 14 de setembro, no Teatro Rival


Iniciando as festividades pelas suas quatro décadas de carreira, a serem completadas em 2012, Amelia Rabello lança seu quinto álbum solo pela Acari Records, 'A DELICADEZA QUE VEM DESSES SONS', com arranjos de Cristovão Bastos e produção de Luciana Rabello. Os primeiros shows serão realizados nos dias 13 e 14 de setembro, às 19h30, no Teatro Rival Petrobras. O disco é um mergulho nas águas profundas (e, no caso, serenas) dos sentimentos humanos. Ao longo de 13 faixas, a voz de Amelia reverbera como um vento praiano e o que se ouve tem gosto de maresia, vem no ritmo das ondas e se mistura às nossas emoções mais particulares - que, por isso mesmo, soam universais.

“Amelia Rabello é uma cantora de apurados recursos técnicos e repertório marcadamente brasileiro, com muito samba, choro, modinha e toada, cuja tônica é o bom-gosto e a precisão do canto coloquial, na melhor tradição da música urbana carioca herdada de Elizeth Cardoso, Ciro Monteiro, Araci de Almeida, Cartola e Elis Regina”, enumera a irmã Luciana, cavaquinista e sócia de Mauricio Carrilho na Acari Records, responsável pelo lançamento. Qualidades como essas foram atestadas há muito por nomes ilustres da música popular brasileira, como Paulo César Pinheiro, Raphael Rabello, Paulinho da Viola e Caetano Veloso, que compôs “Samba para Amelia”, inspirado e dedicado à intérprete.

O roteiro escolhido pela cantora traz inéditas de compositores veteranos, entre eles Radamés Gnattali, Ataulfo Alves, Baden Powell, Pedro Amorim, Moacyr Luz, Roque Ferreira e os supracitados Paulo César Pinheiro, Luciana Rabello e Cristovão Bastos. Há também duas obras dos jovens compositores Ana Rabello e Julião Pinheiro, sobrinhos dela e filhos de Luciana e PC Pinheiro. “Ao mesmo tempo em que é um disco fora do seu tempo, se mantém atualíssimo porque fala da solidão, tão comum nesses dias tecnológicos. Percebo que as pessoas hoje têm muito medo de sentir e aviso logo que esse disco veio para mexer e remexer nos assuntos do coração”, diz Amelia. 

Nos dois shows, a cantora será acompanhada por Cristovão Bastos no piano e na direção musical, Luciana Rabello no cavaquinho, Rui Alvim nos sopros, Julião Pinheiro no violão de 7 cordas, Glauber Seixas no violão Magno Julio e Marcus Thadeu na percussão. O roteiro é de Paulo César Pinheiro. 

COMENTÁRIOS SOBRE CADA FAIXA

1. “SANTA VOZ” (parceria de Baden Powell e Paulo César Pinheiro) - Um samba com personalidade, dentro da linha melódica do Baden, que é muito singular. Baden mexeu nas últimas estrofes e mostrou a Teca Calazans, que a gravou com a letra mostrada pelo Baden. Paulinho não gostou e só agora o samba é gravado com a letra original. E essa apoteose ao cantor encontra na voz de Amelia uma gravação esplendorosa.

2. “SEU ATAULFO” (parceria de Radamés Gnattali e Paulo César Pinheiro) - A música foi feita por Radamés e faz parte de uma série que ele entregou para que Paulinho letrasse. Existe uma gravação instrumental do Radamés, já com esse nome pois é uma homenagem ao Ataulfo Alves. É um samba no estilo do Ataulfo, como Radamés fez na “Suíte Retratos”, homenageando Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Pixinguinha. Com direito a um solo de Cristovão Bastos, herdeiro do espirito pianístico de Radamés.

3. “TEMPO PERDIDO” (samba de Ataulfo Alves) - Só tem dois registros antigos: da Carmem Miranda e do próprio compositor. Amelia gosta muito desse samba desde a infância.

4. “PELA NOITE” (choro-canção de Luís Moura, Afonso Machado e Paulo César Pinheiro) - Uma saga desses três compositores que narram as aventuras de um boêmio solitário na Lapa de outrora. A primeira se chama "Depois dos Arcos", a segunda, "Boêmio" (favorita de Caetano Veloso, citada no álbum 'Livro'), que Amelia gravou no disco 'Saravá Brasil'. Essa é a terceira de uma série que já está na oitava canção.

5. “DESCUIDO” (parceria de Julião Pinheiro e Paulo César Pinheiro) - É uma valsa contemporânea, violonística na mais fiel tradição das valsas brasileiras. Discípulo musical de Dino 7 Cordas, Julião é um rapaz de 24 anos que faria o tio Raphael Rabello se orgulhar.

6. “TANTA DESPEDIDA” (samba de Moacyr Luz) - Foi feito especialmente para a Amelia Rabello. De Moa, a cantora já havia gravado 'Saravá Brasil" que deu nome a um disco que vendeu abundantemente no Japão mesmo sem que ela tivesse colocado os pés na terra dos olhos puxados.

7. “CHAVE DA PORTA” (parceria de Luís Moura e Paulo César Pinheiro) - É um samba-canção impressionista que bebeu direto na fonte de Tom Jobim.

8. “VELHO NINHO” (parceria de Cristovão Bastos e Paulo César Pinheiro) - Samba inédito e da mais nova safra dessa dupla, que já foi gravada por Amelia em discos anteriores, fala da solidão contemporânea, da busca da felicidade. É um samba dolente, estilo de samba que está meio esquecido.

9. “ESTIGMA” (parceria de Luciana Rabello e Paulo César Pinheiro) - Esse samba-canção instrumental foi entregue a Paulinho pela mulher, Luciana, assim que foi feito. Ela diz que queria letra – e dele. Geralmente, é tocado nas rodas com uma levada de regional, mas no disco acabou ficando numa versão piano e voz, com andamento mais livre. Remete às composições de Garoto.

10. “VELHOS CHORÕES” (parceria Luciana Rabello e Paulo César Pinheiro) - Um clássico nas rodas de choro do mundo. Certa vez, Luciana chegou no Japão e estavam tocando esse choro. Também nasceu instrumental e foi gravado no disco solo da cavaquinista, há 11 anos. O nome do álbum de Amelia saiu de uma frase dessa letra. É uma homenagem às nossas origens musicais e a prova de que choro pode ser cantado. O arranjo faz referência a outro clássico: “Vibrações”, de Jacob do Bandolim.

11. “ALMA VAZIA” (samba de Roque Ferreira) - O compositor baiano é mais conhecido pelos seus sambas de roda, mas eis uma oportunidade para ouvir outra faceta de Roque: este é um samba urbano carioca, com influência direta de Ataulfo Alves. Vale lembrar que Amelia gravou “Ralador” no disco mais recente de Roque, a convite dele.

12. “GOTA DE MÁGOA” (parceria de Ana Rabello e Paulo César Pinheiro) - Mais um samba de uma compositora da nova geração com influência nítida de Mauro Duarte, parceiro de Paulinho. Ana é afilhada de Amelia e herdeira da escola de cavaquinho da mãe, Luciana. Além das riquezas harmônica e melódica, traz uma modulação lindamente incomum.

13. “COM AS MÃOS VAZIAS” (samba de Pedro Amorim) - Emoldurado por um clima misterioso, segue a linha triste das obras de Cartola e Nelson Cavaquinho – linha, digamos, um pouco esquecida em virtude da alegria turística que vem sendo cada vez mais exigida dos sambistas. Simples e sofisticada como todo o disco.


QUANDO: 13 e 14 de setembro, terça e quarta-feira, às 19h30
ONDE: Teatro Rival Petrobras (Rua Álvaro Alvim, 33 a 37, Cinelândia, Rio de Janeiro. Informações: (21) 2240.4469
QUANTO: R$ 40 (inteira), R$ 30 (promoção para os 200 primeiros pagantes disponível através do e-mail ingresso@acari.com.br ) e R$ 20 (meia-entrada para estudantes, professores da rede municipal e maiores de 65 anos)
ETCÉTERA: Classificação 16 anos

FICHA TÉCNICA DO SHOW
Direção musical: Cristovão Bastos
Roteiro: Paulo Cesar Pinheiro
Direção: Gustavo Guenzburger
Iluminação: Paulo César Medeiros
Produção: Soraya Nunes e Fernanda Silveira
Figurino: Marcelo Marques

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