26.8.11

Aluísio Machado é o sambista convidado desta sexta na roda paulistana dos Inimigos do Batente


 

       "Enfeitei meu coração/de confete e serpentina/minha mente se fez menina/num mundo de recordação/abracei a coroa imperial/fiz meu carnaval..." E quem, em 1982, abraçou a coroa imperial, sob sol a pino, atravessando o asfalto sagrado da passarela do samba no ritmo da bateria, fez seu carnaval inesquecível, que jamais se afasta da lembrança. Ainda um tempo em que todas as grandes escolas de samba se exibiam no domingo (até a manhã de segunda), e o Império Serrano, fechando a tampa do espetáculo, quase ao meio-dia, veio arrebatador, solto, criticamente alegre, com um enredo - antes intitulado "Praça XI, Candelária e Marquês de Sapecaí" - muito bem desenvolvido por Rosa Magalhães e Lícia Lacerda, a partir de ideia sugerida por Fernando Pamplona. Um triunfo onomatopaico da escola de Madureira (a expressão "bumbum paticumbum prugurundum" fora usada pelo pioneiro Ismael Silva para definir o som da batucada), para o qual concorreram com brilho fundamental Aluísio Machado e Beto sem Braço, os autores do clássico samba-enredo, "anima e cuore" daquela apresentação. Estandartes de Ouro naquele ano, bisariam o feito no ano seguinte, com "Mãe Baiana Mãe", e, sempre pelo Império Serrano, Aluísio abiscoitaria outros dois Estandartes ligados aos seguintes enredos: "Eu Quero", em parceria com Luiz Carlos do Cavaco e Jorge Nóbrega, em 1986, e, dez anos depois, por "Império Serrano, Um Ato de Amor", na companhia de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Mano Décio da Viola.
       A convite do conjunto Inimigos do Batente (revelador do elogiado compositor e cavaquinhista Edu Batata), Aluísio Machado pontifica, nesta sexta, 26 de agosto, na capital paulista, em mais uma edição da roda mensal conhecida como Anhanguera Dá Samba ("flyer" acima). Desenvolto no bailado, ele já passou pela avenida paramentado como mestre-sala, evoluindo com um lenço na mão no qual escrevia o seu telefone. Durante o desfile do Império Serrano, vendo alguma foliona que lhe interessasse, jogava o lenço na direção dela. A moça sorrindo e pegando o lenço, naturalmente, era bom sinal, e, assim, de acordo com a consequência contemplada, pôde desfrutar, em alguns carnavais, de prazeres, digamos, "hors concours". Parte da trajetória dos seus pouco mais de 50 anos de carreira, também os sambas feitos ao largo da motivação momesca, é contada com descontração por ele - em um botequim em frente à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá, onde reside - no média-metragem "O Famoso Aluísio Machado", produzido pela Vira-Lata Filmes. Vale a pena ver o documentário sobre esse compositor de nome já inscrito com destaque no livro de ouro da história da folia brasileira. "O nosso samba, minha gente, é isso aí..."
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Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) Aluísio Machado canta "Bumbum Paticumbum Prugurundum", além de mostrar sua habilidade de passista; 2) um trecho do carnaval vitorioso do Império Serrano com  esse samba; 3) de Aluísio Machado, é lembrado o samba lento "Artifício", cantado por Jorginho do Império, filho de Mano Décio; 4) trecho do supracitado documentário sobre o compositor, fluminense de Campos e autointitulado, em verso de partido-alto, "o braço direito do Beto sem Braço".
 

             http://www.youtube.com/watch?v=C54udroNv6A&feature=related
("Bumbum Paticumbum Prugurundum")

             http://www.youtube.com/watch?v=sF-GwD9iPKg
(trecho do desfile do Império Serrano em 1982)
         
             http://www.youtube.com/watch?v=xbvh0C_-Pl8&feature=related
("Artifício")

             http://www.youtube.com/watch?v=i87w3spMLwc&feature=related (trecho de "O Famoso Aluísio Machado")

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