24.4.11

Chico Batera neste domingo no Festival Beco das Garrafas: um faixa-preta na sustentabilidade rítmica da bossa



Prezados amigos,
 
             Chico Batera é, há muitos anos, o "percussionista oficial" de Chico Buarque, certo? Certo. No entanto, embora isso, naturalmente, não seja pouco, está longe de resumir tudo ou quase tudo na carreira dele, pois, nascido em Madureira e iniciado nas manhas do ritmo como componente da bateria do Império Serrano, Chico Batera já atuou ao lado de cantores e músicos de projeção mundial, como Frank Sinatra, Michel Legrand, Quincy Jones, Ella Fitzgerald e Joni Mitchell. Começando na noite carioca em 1960, na boate Night and Day, em show do produtor Carlos Machado, Chico conheceu, sobretudo tocando, no limiar daquela década, o efervescente Beco das Garrafas, em Copacabana, na crista da onda bossa-novista, o que lhe ensejou, na ocasião, uma relevante viagem aos EUA, em missão cultural com chancela do Itamaraty, acompanhando o grupo do pianista niteroiense Sérgio Mendes. Residiu algum tempo por lá, numa comunidade de "hermanos" cubanos e porto-riquenhos, convívio que lhe aguçou o gosto pelos ritmos latinos - como se observa no seu CD "Salsa com Alma", lançado em 1997 - e a interseção deles com o jazz e a MPB. Parceiro de Carlos Dafé em "A Ilha", faixa do primeiro elepê, "Ritmo", que o também vibrafonista Chico Batera gravou, em 1979, tornou-se o nosso mais requisitado percussionista nos anos 70 e 80, acompanhando Antonio Carlos Jobim, Elis Regina, João Gilberto, Johnny Alf, Fagner, Djavan, Gilberto Gil e Mílton Nascimento, entre outros luminosos cartazes da nossa música popular. Há dois anos, no extinto Mistura Fina, em Ipanema, pôde reviver com Antonio Adolfo e Sérgio Barrozo o bossa-novista Trio 3-D, lá daqueles afastados anos 60 e assim batizado por Carlos Lyra, no qual, como costuma afirmar em tom de blague, ele e os seus colegas de conjunto já tocavam como "faixas-pretas", cheios de experiência e virtude antes da experiência propriamente dita e do certificado de qualidade expedido, com louvor, pelo tempo. Debutavam, portanto, à vera, como mestres do ofício instrumental, já conhecendo plenamente o que faziam. 
             Chico Batera apresenta-se, hoje, 24 de abril, às 18h, no Teatro Municipal Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 - Leblon - tel.: 2294-4480).
 
             Um bom domingo de Páscoa a todos. Muito grato pela atenção à dica.
 
             Um abraço,
 
             Gerdal      
 
Pós-escrito: nos "links" seguintes, 1) Chico Batera (ao lado da cantora Thaís Motta na foto acima) aparece com a Orquestra Suburbana, em imagens de show, realizado no ano passado, em que se comemoraram 50 anos de atividade do percussionista; 2, 3 e 4) Chico Batera, à bateria e ao vibrafone, com o seu trio, formado ainda pelo contrabaixista Luiz Alves e pelo pianista Kiko Continentino, tocando, em sequência, de acordo com a progressão numérica das músicas escolhidas, "Samba e Amor", de Chico Buarque, "O Morro Não Tem Vez", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e "Sonho com o Rio", de Kiko Continentino, um tema haurido de contrastes presentes no dia a dia da nossa Velhacap.
 
 
           http://www.youtube.com/watch?v=P5JxYinvPNk (Chico Batera e a Orquestra Suburbana)
 
           http://www.youtube.com/watch?v=Ludv00Wdm18&NR=1 ("Samba e Amor")
 
           http://www.youtube.com/watch?v=XE1okd3xbGM&feature=related ("O Morro Não Tem Vez")
 
           http://www.youtube.com/watch?v=pv_7sNx7MKM&NR=1 ("Sonho com o Rio") 

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