15.8.10

Gerdal Indica: Alberto Rosenblit apresenta seu novo CD neste domingo em show no Teatro Café Pequeno - a inspiração de bem com a canção


Ouvindo um dos audiocassetes que Alberto Rosenblit (foto acima) fazia em casa e distribuía por aí, o músico Roger Henri, por causa do que lhe caiu nas mãos, chamou-o para trabalhar na TV Globo na composição de vinhetas. Foi o "abre-te sésamo" de cobiçada porta profissional para esse talentoso pianista, flautista, compositor e arranjador, também formado em engenharia pela PUC, que, passando ainda por uma etapa na emissora como assistente de Wagner Tiso nas minisséries "Meu Marido" e "O Sorriso do Lagarto", tornar-se-ia um dos mais laboriosos produtores musicais do país, atividade, de fato, iniciada - com trabalho todo próprio - na extinta TV Manchete, em "Floradas na Serra", baseada em clássico de Dinah Silveira de Queiroz. Até o convite do produtor niteroiense Roger Henri, em fins dos anos 80, Alberto já se fizera conhecido como músico acompanhante e diretor musical de Simone, Nara Leão, Joanna e Sá e Guarabyra, entre outros, e, em "rewind" ainda mais avançado, por sua participação em festivais estudantis e em grupos, como a Banda de Lá e o Desbundeto, logo rebatizado de Céu da Boca. Nessa ocasião, conheceu o igualmente talentoso Mario Adnet, cuja centelha autoral o fascinava, e, com a amizade e a afinidade melódico-harmônica, surgiu o primeiro disco de ambos (foto de capa abaixo), um dos melhores instrumentais de 1979 para a crítica especializada. Na TV Globo, a lida marcante de Alberto está presente, especialmente, entre tantas demandas consumadas, na abertura do "Você Decide", no tema do programa de Jô Soares, gravado com metais em estúdio, e, quanto a minisséries, inteiramente autorais, nas trilhas de "Incidente em Antares", com base em romance de Érico Veríssimo, e "Presença de Anita", com base em outro romance, escrito por Mário Donato.
        Alberto Rosenblit é filho da pianista Clara Rosenblit e, com ela, teve a sua primeira instrução musical, seguida de aulas com vários professores de nomeada, entre os quais Wilma Graça, Esther Scliar, Odette Ernest Dias, Ian Guest e Mário Tavares (este ministrando aulas de arranjo durante curso de verão em Teresópolis, na Pró-Arte). Como desdobramento natural da sua obra na tevê vestindo imagens com temas apropriados, à luz do, não raro, "lusco-fusco" da orientação de um diretor de novela, por exemplo, ele, em 2001, lançou um magnífico CD, "Trilhas Brasileiras", esteticamente delicado, autorreferenciado e sinfônico, com estro repousado em cama instrumental "king size" de grande orquestra, no qual se destacam temas seus, como "Vargem Grande" (para a Mata Atlântica, "uma paixão"); "Na Rua Sol Maior" (para Wilma Graça); "Os Meninos" (para os filhos); "Happy End" (tributo ao cinema, "outra paixão"); "Domingo" (para a mãe); "Gershwiniana" (para o amigo e excepcional trombonista Vittor Santos, produtor artístico do CD); e o jobiniano "De Bem com a Vida" (belíssimo e modestamente dedicado a si mesmo, em faixa de abertura com título sacado pela esposa, a quem dedicou "Blue Window").
        Neste domingo, 15 de agosto, no Teatro Municipal Café Pequeno (Av. Ataulfo de Paiva, 269 - Leblon - tel.: 2294-4480), às 18h, o amigo Rosenblit, um rematado boa-praça, faz show que dá destaque ao recém-lançado "De Bem com a Vida" (pegando carona no anterior, agora com letra), que conta, entre outras, com parcerias de Costa Netto, Joyce, Luiz Fernando Gonçalves e Paulinho Tapajós) e com a voz de Ivan Lins, Leila Pinheiro, Lenine, Zélia Duncan e Mônica Vasconcelos, por exemplo. O show de hoje ("flyer" acima), como o de ontem, é abrilhantando pela participação especial de Marianna Leporace e Cláudio Nucci. Um disco recomendado, sobretudo, para quem, musicalmente, tem vida própria - isto é, autonomia de gosto - e está de bem com a própria vida. 
       

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