20.7.10

Homenagem do Gerdal: Stellinha Egg - uma voz de plenitude pela difusão do nosso folclore




"Dorme, meu bem/que é noite de paz/e tu em meus braços estás/deixa, meu bem/a calma envolver/teus olhos, teu corpo, teu ser/a noite vai e outro dia virá/mas, junto a ti, aqui me encontrará/dorme, meu bem/repousa em mim/teu sonho, teu mundo, teu fim"
 
 Cantora paranaense de projeção nacional, Stella Maria Egg, nascida em Curitiba em 18 de julho de 1914, começou a transformar-se em Stellinha Egg (fotos acima), uma das principais intérpretes do folclore nacional - ao lado de Inezita Barroso, Dilu Melo e Ely Camargo, por exemplo -, ainda na cidade natal, ao vencer, acompanhando-se ao violão, um concurso do gênero na Rádio Clube Paranaense. Na alvorada de 1941, após passagem por emissoras de rádio paulistanas, já se fazia conhecer pelo público da antiga capital federal, atuando com brilho na Tupi, por vezes em companhia de Dorival Caymmi (de quem gravaria, por exemplo, os batuques "A Lenda do Abaeté" e "Noite de Temporal" e Sílvio Caldas. Em 1950, outro galardão viria ao seu encontro em Araxá, cidade do Triângulo Mineiro, por ter sido eleita a nossa melhor cantora folclórica em especializado congresso internacional lá realizado, já casada, desde 1945, com o seu companheiro de todas as horas e arranjador de plantão permanente, Lindolpho Gaya, sete anos mais jovem que ela, um paulista de Itararé que conhecera ainda na Rádio Tupi de São Paulo. Do próprio Gaya, aliás, gravaria algumas composições, como a toada "Mais Ninguém" (parceria de Eme de Assis) e o samba-canção "Um Amor para Amar", e com ele, em decorrência de mais um prêmio na carreira, o de melhor disco de 1954, foi à Europa, em temporada por alguns países, fixando por algum tempo residência em Paris, onde, também com arranjos dele, gravou o longa-duração "Chants Folkloriques Brésiliens" e atuou no filme "Bela Aventura", calcado em motivos e temas brasileiros. Na primeira metade dos anos 60, apresentariam, nas TVs Rio e Continental, programa de música popular brasileira, por causa da qual percorreriam o Brasil, em meados da década seguinte, para divulgá-la, sobretudo em auditórios de universidades. 
        Stellinha Egg, que aos cinco anos já se apresentava em festas da igreja evangélica, gravou albuns temáticos, como "Vamos Todos Cirandar" (no primeiro dos "links" abaixo), com cantigas de roda, e "Modas e Modinhas", e, curiosamente, fez, em 1959, por estalo do capista César Villela, para um 78 rpm, a dupla caipira Mara e Cota, com a moderna Sylvinha Telles, outra contratada da Odeon, cantando em andamento de toada e com a gaiatice dos erres espichados nos versos,  "Eu Sei Que Vou Te Amar" e "Eu Não Existo sem Você", de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, bolacha remasterizada e inserida, em 2000, entre as faixas da caixa "Tom Jobim - Raros Compassos", da Revivendo. A introdução acima provém de "Canção de Ninar a Amada", de Reginaldo Bessa, música que Stellinha defendeu, em 1966, no I Festival Internacional da Canção Popular, da TV Rio, ela que, há dois anos, mereceu da niteroiense Ithamara Koorax uma vigorosa lembrança por meio do CD "Tributo à Stellinha Egg", o qual, além das citadas de Caymmi, traz, em particular, uma bela recriação de "Coco Peneruê", do exponencial paraense Waldemar Henrique. Nome de rua em Curitiba, no bairro Santa Felicidade, e também atriz e compositora - parceira de Luiz Gonzaga na rancheira "Toca, Sanfoneiro", que gravou em 1952 -, ela faleceu em 17 de junho de 1991, já afastada da atividade artística e ainda bastante amargurada com o passamento de Gaya, ocorrido quatro anos antes. 
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Pós-escrito: no segundo "link" abaixo, além de várias imagens de Stellinha, um depoimento de seu irmão Arthur Egg.              
 
 
       http://www.solofondosdepantalla.com/ybnoA5JB0pCwt/Guilherme-Jabur-Mostra-LP-vamos-todos-cirandar-com-stellinha-egg-e-meninas-da-rua-lazaro-parte-4/
 
       http://www.youtube.com/watch?v=neZIFHmWOr4

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