22.6.10

Dica do Gerdal: Eliane Faria canta nesta terça e quarta em Ipanema - a bossa nova no recado de uma filha do samba


Primogênita de Paulinho da Viola, a cantora Eliane Faria (foto acima) dá o ar de sua graça nesta terça e quarta, 22 e 23 de junho, no Vinicius Piano-Bar - Rua Vinicius de Moraes, 39 -, a partir das 22h. Do grupo vocal de nome curioso, Amassando a Camisola, no comecinho da carreira, até agora, são 15 anos de simpática e atraente defesa da nossa música popular, em particular do samba mais identificado com a tradição. De Anescarzinho, seu tio salgueirense, em parceria com Célio Cruz, gravou "Amor Poente", em 2002, para uma coletânea, "Conexão Carioca 3", produzida pelo poeta Euclides Amaral, um belo samba, embora pouco conhecido, mas gostoso aperitivo para o seu único CD integral como intérprete, "Alma Feminina", lançado no ano seguinte, no qual, em gravação ao vivo realizada em bar de Sampa, homenageou grandes cantoras do nosso estrelato, como Elizeth Cardoso, Ademilde Fonseca, Dona Ivone Lara e Odete Amaral. Ouvir Eliane é, em síntese, tomar contato com uma exteriorização "pra dentro", sincera e graciosa, sem rigor técnico, do samba na sua face mais lírica e lamentosa e, em contraponto, com inflexão acalorada, típica da folia de bloco, naturalmente absorvida no seu canto, da face do samba mais alegre ou até mesmo dionisíaca a que ela também dá voz.   
        Lembrando que, no início da carreira, além de mestres do samba popular, como Cartola e Zé Kéti, bebeu do manancial bossa-novista para exercer a virtude do seu "recado", levado no encanto das águas jobinianas e de afluentes afins, Eliane se apresenta nesses shows em Ipanema, intitulados "Sambossa", acompanhada pelo violão de André Gonçalves, pelo sopro de Marcelo Moreno e pela percussão de Marcos Trança  Em particular, no roteiro do shows, uma homenagem ao paulistano Agostinho dos Santos, mavioso intérprete de joias como "Samba de Orfeu", de Antônio Maria e Luiz Bonfá ("Quero viver, quero sambar, até sentir a essência da vida me faltar/quero sambar, quero viver/depois do samba, tá bom, meu amor, posso morrer..."). Ele faleceu tragicamente, aos 41 anos, em acidente aéreo nas imediações do aeroporto de Orly, em Paris, em 1973, e foi casado com a também saudosa, esquecida e maviosa cantora Elza Laranjeira, nascida em Bauru e que gravou, entre os seus elepês, um todo dedicado à obra de Tom e Vinicius, pela RGE, em 1962. 
        Um bom domingo de sol a todos, de bola rolando, "redonda", em gramado sul-africano e nascido, quem sabe, sob o signo de "vuvuzeladas" verde-amarelas. Muito grato pela atenção à dica.
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Pós-escrito: nos "links" abaixo, Eliane Faria, em momentos de gala, acompanhada de orquestra e da Velha Guarda da sua Portela, canta "Esta Melodia", de Babu e Jamelão, e "Ilu-Ayê", de Cabana e Norival Reis; por último, na informalidade de um bar carioca, lembra o samba "De Conversa em Conversa", de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa, gravado com muito sucesso, em 1947, por Isaurinha Garcia, tendo a acompanhá-la Os Namorados da Lua, grupo vocal desfeito, aliás, nesse ano e de cuja formação os então novatos Miltinho, cantor, e Nanai, violonista, além do próprio Lúcio, entre outros, fizeram parte.

     http://www.youtube.com/watch?v=JQsNppU8UOQ&NR=1
 
     http://www.youtube.com/watch?v=Qanpjv-CFmA&feature=related
 
     http://www.youtube.com/watch?v=HrhH_sj6LfU&feature=related

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