18.5.10

Dica do Gerdal: Joel Nascimento inspira disco novo do Água de Moringa, lançado nesta terça no Sete em Ponto


Ex-"fotógrafo de defunto", como técnico em radiologia do Instituto Médico-Legal, o carioca Joel Nascimento, nascido e vivido no melodioso subúrbio da Penha, somente aos 32 anos exercitou, com o apoio de métodos convencionais para o instrumento e estudos suplementares para violino, o autodidatismo na lida com o bandolim, ele que, na adolescência, já fora, em si mesmo, mestre e aluno de cavaquinho. Ainda na adolescência, teve ensino formal de piano clássico, curiosamente o seu instrumento preferido, e acordeão, estudando teoria musical e, mais adiante, tocando em bailes com um grupo que formara, o Joel e Seu Ritmo. Em 1969, com um bandolim dado por um amigo e estimulado por um irmão, ele voltou ao convívio das rodas de choro e passou a alimentar em si o desejo de executar a suíte "Retratos", de quatro movimentos (evocativos de obras de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga), composta por Radamés Gnatalli, na segunda metade dos anos 50, em homenagem a Jacob do Bandolim. Meses de dedicação ao instrumento e à desafiante obra do pianista e maestro gaúcho, seu incentivador, logo o capacitaram não só à almejada execução - com o próprio Radamés -, mas também a uma fieira de solicitações para trabalho em estúdio, acompanhando diversos artistas de destaque. Teve em outro carioca do subúrbio, João Nogueira, cria do Méier, o produtor do primeiro elepê, o ótimo "Chorando pelos Dedos", gravado em 1975 pela Odeon, a que se seguiriam, por exemplo, nos seus anos de solista e de notável improvisador, o CD "Joel Nascimento Relendo Jacob do Bandolim" - o líder do Época de Ouro e a sua maior admiração no instrumento -, da Kuarup, em 1997, e o recém-lançado biscoito-fino "Valsas Brasileiras", em duo com a pianista Fernanda Chaves Canaud, ex-esposa do clarinetista Paulo Sérgio Santos (outro grande nascido e criado em subúrbios, na Piedade e em Quintino, respectivamente) e mãe de um rapaz muito bem cotado na praça com o seu violão, Caio Márcio. Também Fernanda, professora de piano da Unirio, foi "tocada" pelo carisma musical de Radamés Gnatalli e a ele dedicou o seu primeiro CD, lançado em 1993. 
                "Obrigado, Joel" motiva, nesta terça-feira, 18 de maio, à noite, pelo Sete em Ponto, no Teatro Carlos Gomes ("flyer" acima), show-tributo do Água de Moringa a esse músico excepcional, divisor de águas na execução do bandolim e inspirador do novíssimo CD desse conjunto-referência do choro. Foi de Joel a ideia da criação da Camerata Carioca, batizada por Hermínio Bello de Carvalho (que percebia no todo da formação um regional sofisticado) e abraçada por Radamés, a qual, entre o erudito e o popular, de 1979 a 1985, gravou três discos e deu ainda mais relevo a outras cordas de subido valor, como as de Henrique Cazes, cavaquinhista, e as do então artisticamente nominado Maurício Lana Carrilho, violonista. No mês passado, finalmente, o bandolim, tão calejador na música popular e aparentado na nossa maneira de tocar com a guitarra portuguesa, ganhou "status superior" e também passa a ser estudado em curso pioneiro da Escola de Música de Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coube a Joel Nascimento o honroso convite da instituição para ministrar a aula inaugural.   
               *** 
Pós-escrito: nos "links" abaixo, Joel toca "Noites Cariocas", de Jacob do Bandolim, com Hamílton de Holanda (com quem lançou, também recentemente, o elogiado "De Bandolim a Bandolim") e o violonista Rogério Caetano; do próprio Joel, "Sorriso de Cristina" é mostrado pelo Água de Moringa.           
             
http://www.youtube.com/watch?v=cTw8zlCDZyg
 
              
http://www.youtube.com/watch?v=1pXxx1Qna5E
 
             
http://www.myspace.com/joellnascimento

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