24.3.10

Dica do Gerdal:Tributo de Eduardo Neves a Copinha, nesta quarta, no CCC, realça MPB muito bem levada na flauta


Amando sempre a arte excepcional da nossa gente na música popular, não se pode, é claro, deixar de realçar, na melhor reminiscência instrumental do país, o senhor sopro de um paulistano filho de imigrantes italianos, Nicolino Copia, que teria completado, no último dia 3 de março, o seu centenário de nascimento. Tornado Copinha por apelido recebido do locutor César Ladeira, teve em um irmão mais velho, Vicente, o seu primeiro instrutor na flauta e, já aos nove anos, assombrava com o seu sopro outro descendente de "oriundi", Americo Jacomino, o Canhoto (autor do clássico "Abismo de Rosas"), com o qual, embora menino, já participava de serenatas. Após estudar clarineta e sax no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, Copinha deu início a longa vida profissional animando cenas mudas de filmes exibidos em Sampa e também tocando em transmissões radiofônicas, percurso que ganhou novo impulso na antiga Capital Federal, para onde veio juntamente com o também saudoso Odmar Amaral Gurgel, o anagramático maestro Gaó, sob cuja batuta atuara, ainda em Sampa, na Orquestra Columbia, na primeira metade dos anos 30. No Rio, Copinha transitou por boates, clubes, cabarés (tocou com Pixinguinha no Dancing Eldorado), integrou a orquestra de Simon Boutman, no Cassino do Copacabana Palace, e, no Cassino da Urca, trabalhou com um histórico produtor de espetáculos no "showbiz" carioca, Carlos Machado. Teve orquestra própria por quase 20 anos, criada já na década de 40, que acompanhou ícones da voz brasileira na canção, como Sílvio Caldas, Francisco Alves, Mário Reis e Dircinha Batista, e, em 1958, acolheu ao acordeom um mago do som, o alagoano Hermeto Pascoal, e um usineiro de harmonias avançadas, o acreano João Donato. 
       Com "boarding pass" naturalmente autoemitido pela reconhecida competência, Copinha atendeu a diversos convites para tocar no exterior, acompanhando, por exemplo, em 1967, com a sua orquestra, outro músico que não mais se encontra entre nós, o pianista gaúcho Primo Jr., numa noite de gala que reuniu a monarquia europeia no baile do Le Petit Blanc, na Riviera Francesa, no qual resplandecia a beleza de Grace Kelly. Imprimindo a sua marca no patrimonial sopro de introdução em "Chega de Saudade", que, em 1959, enfeitou exemplarmente o inspirado arranjo de Tom Jobim para a gravação de João Gilberto, Copinha, a partir do decênio seguinte, sem afastar-se do palco, passou a dedicar-se intensamente à atividade em estúdio, para a qual também era muito requisitado. Como arranjador, é sempre lembrado por seu trabalho em discos de Paulinho da Viola, como o "Memórias Cantando" e o Memórias Chorando", além de infundir modernidade no essencial preservado da tradição em outro disco formidável, de 1979, do MIS (Museu da Imagem e do Som), sobre a obra do trompetista guaratinguetaense Bonfliglio de Oliveira.
       Discípulo de Copinha e um dos mais capacitados flautistas da atualidade nacional, Eduardo Neves, rodeado por colegas igualmente capazes (nomes citados no "flyer" acima), homenageia o inesquecível mestre em apresentação nesta quarta, 24 de março, às 21h, no Centro Cultural Carioca - Rua do Teatro, 37, nas imediações da Praça Tiradentes. Ao lado do sete-cordas Rogério Caetano e do percussionista Amoy Ribas, Eduardo executa de Copinha o choro "Amando Sempre", no segundo dos "links" seguintes; no anterior, vemos o próprio Copinha acompanhando Paulinho da Viola numa composição deste, "Sarau para Radamés", em especial da TV Globo, de 1980, dedicado a esse Gnatalli também referencial. 
  http://www.youtube.com/watch?v=P0lHM5Cp0CY
 
  http://www.youtube.com/watch?v=Kakqx-riMxU 


    

Nenhum comentário: