31.1.10

Dica do Gerdal: O samba bem rodado de Ernesto Pires marca presença, neste domingo, na Gamboa, pelos 90 anos de Dodô da Portela (grátis) 



Quem vê Ernesto Pires (fotos acima), assíduo nas rodas da cidade, com o seu indefectível chapéu, jeito algo amalandrado e informalidade aflorada de trato, dificilmente, creio, divisará nele, por força, é claro, de estereótipos de composição sociovisual, a figura do engenheiro químico e professor universitário que é. Nascido na Princesinha do Mar, mas criado em Brasília até os 13 anos, quando retornou com a família ao Rio de Janeiro para morar no Rio Comprido, Ernesto, ao ingressar na Escola Técnica Federal de Química, lá encontrou entre os colegas futuros músicos como ele - Paulão Sete Cordas, Henrique Cazes e Mongol. Um convívio que, naturalmente, acentuou-lhe uma motivação que já vinha, forte, desde a infância, quando, brincando de carrinho, gostava de ouvir bolachas de MPB, especialmente a música dos famosos festivais de fins dos anos 60. De Mongol, ainda nos tempos da escola técnica, defenderia um samba em apresentação no Colégio Coração de Maria e, até reconhecer-se como cantor e compositor nessa praia tropical da música popular, para o que foi determinante terapia anarquista feita com o psiquiatra já falecido Roberto Freire (pai do excepcional violeiro Paulo Freire), fez de tudo em matéria de interpretação da música, cantando em ritmos e até idiomas diversos, tendo a própria voz por companhia, em muitas ocasiões, apenas o violão empunhado. Desse modo, autossuficiente, também fez, para Ivon Cury, abertura em shows de karaokê apresentados pelo saudoso "chansonnier" de Caxambu, até, após longos períodos em Sampa e BH (nesta estudando na Escola de Música Livre), retornar, em 1997 ao Rio, atendendo à sirene do chamado do samba em si mesmo e já abraçado ao cavaquinho, instrumento em que teve como orientador o também saudoso Mestre Zé Paulo. É de 2000 o único CD gravado por Ernesto Pires, "Novos Quilombos", bastante elogiado por especialistas na matéria, em que, particularmente, agradou geral, nas recorrentes rodas, com o samba "Terreiro de Iaiá", de sua autoria. "É do ramo", como já certificou o crítico musical Tárik de Souza, destacando-lhe ainda uma divisão rítmica própria.     
        O aniversariante Ernesto pode ser visto e ouvido neste domingo, 31 de janeiro, no Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, numa programação, abaixo, dedicada à também aniversariante Dodô, agora nonagenária, porta-bandeira da Portela, na passarela do tempo, em tantos e históricos carnavais.
 
Centro Cultural José Bonifácio 
Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa.
Grátis - (vc só paga o que for consumir) Tel.: 2233-7754.
12:00   - Feijoada
14:30   - Roda de Samba com a participação dos sambistas:
 Efson; Toninho Geraes; Dunga, Gabrielzinho do Iraja e Ernesto Pires
15:00   - Inauguração da exposição de fotografias e fantasias de Dodô da Portela
16:00   - Lançamento da cartilha s/vida de Dodô da Portela escrita por
              Luis Carlos Magalhães
16:30   - Show com o grupo Tempero Carioca  e a participação de            integrantes da Velha Guarda da Portela  (Monarco,Tia Surica, Mauro Diniz e Serginho Procópio)
19:00  - Baile com a Banda Bossa Seis

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