20.1.10

Crônica da Maysa: "Meu Rio de Janeiro"


(Esta crônica de Maysa veio do blog "O ninho e a Tempestade")
Amo minha cidade. Um amor alegre, quase infantil, solto, leve. Cotidiano.

Também incondicional. Amor com lado de paixão que a gente esconde "pra não dar bandeira”.
Cultivo e guardo toda minha emoção neste pedaço de Brasil em que nasci. Desde as ruas, de Botafogo, percorridas na infância às poucas moradas do passado, nos bairros da Urca, Leblon e de hoje, Santa Teresa.

Caminhadas, com ou sem destino, dadas ou que ainda vão acontecer. Esquinas e lembranças frequentes tomam meu coração e o assaltam, algumas são boas outras dolorosas e mesmo cruéis.
Moro aqui desde que nasci. Acompanho a transformação para o bem e para o mal, da minha querida cidade maravilhosa. Testemunho governos e povo numa suspeita união! Já observaram os políticos que nosso povo elege para cuidar da cidade?
Ruas esburacadas, sujeira, falta de educação, pobreza, descaso institucional. Omissão, desinformação.
Comportamentos hostis nos trazem inusitadas situações. A exemplo fica a pergunta: Por que, predomina, nos homens de todas as idades, o hábito deselegante de urinar nas vias públicas? No período de carnaval que se aproxima vamos usar tapa narinas misturando-os, nas ruas, aos tapa - sexos momescos?

Minha cidade também é uma cidade de passagem! E com frequencia acomete as pessoas num estado de deslumbramento e medo.
Espio como os transeuntes a tratam em suas incursões pelos espaços. Será que é amor produzir e jogar lixo em áreas públicas, bueiros, encostas?
Será que é sinal de pertencimento, presença, de expressão criadora pichar muros? Nada contra os grafites que ilustram, registram.
E o que pensar dos moradores desta linda e aprazível baía que, nas praias, deixam resíduos, detritos para saudarem a natureza bela e acolhedora?
Esqueceram dos donos de cachorros? AH! Os animais não são mal educados... O que comentar sobre seus inocentes e descuidados donos?

Sonho sim com uma cidade limpa, cheirosa, ajardinada por muitos Burle Marx... Tenho a fórmula: Basta que, cada um de nós, aprecie a obra de amor à vida e à beleza que os jardins do mestre entoam! Os pássaros já agradecem as flores também! E nós fazemos o quê?

Queria que no peito de cada carioca batesse o amor tão forte que sinto, mas que bate calado, desafinado, como na canção, por que estou só no meu amor.
Só? Pode ser exagero!
Eu não ando só, só ando em boa companhia, com meu violão, minha canção e a poesia! O carioca, Vinicius de Moraes, já nos ensinou.
De fato tenho companhia.
Quero campanhas muitas! Promovidas por nós cariocas.
Cuide de seu Rio com amor, com carinho. Sorria para o seu Rio.
Quem ama não maltrata!
Só, assim, até você que não nasceu aqui, mas quer - e pode - se transformar num CARIOCA adotivo será mais um entre nós. Adote então a nossa cidade com muito AMOR e AÇÃO.
O tal falado Estado de Espírito, certidão de nascimento de alguns habitantes como investidura para ser Carioca precisa de muito amor pela cidade escolhida para viver, amar, passear ou envelhecer e morrer.

Vamos cuidar bem do Rio como cuidamos de quem se ama? Quem sabe, assim, arrancamos as flechas do peito de S. Sebastião?


Abraços carinhosos de uma carioca apaixonada por sua cidade.


Maysa

Um comentário:

TS disse...

Maysa, sabe por que os portugas escolheram o Sebastião como santo padroeiro de nossa linda cidade?
Porque eles achavam - por projeção - que não seriam flechados pelos índios como o santo o foi pelos romanos.
Alguém teve a ideia de substituir as flechas por balas! (nem assim...)
Santo de casa não faz milagre, minha filha!

Eu prefiro aquela pintura que mostra o santo de camisetão florido, óculos rayban e flechinhas de ventosa pintado por... (esqueci, acho que foi o irreverente Gerschman)
Um abr.