2.11.09

Dica do Gerdal : Chico Salles e Carlos Malta, nesta terça, no Sete em Ponto: nordestino carioca e carioca nordestino entre o sopro da tradição e o pif


Cordelista com vários títulos já lançados, como "Manel Xicote", "Matuto Apaixonado" e "A Saga do Cordel em Poesia", o engenheiro Chico Salles (foto acima), recém-empossado membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel,  na cadeira primeiramente ocupada por Catulo da Paixão Cearense, é grata aparição no Sete em Ponto (19h) desta terça, 3 de novembro, no Teatro Carlos Gomes (Praça Tiradentes, 19 - tel.: 2224-3602) , dividindo o palco com o multissoprista Carlos Malta. Natural de Sousa, no sertão da Paraíba, Chico reúne em seu trabalho o coco, o xote e o xaxado, por exemplo, da referência sonora original, com influências da música urbana carioca, sobretudo o samba. Vindo para o Rio de Janeiro nos anos 70, teve no humorista Mussum, além de amigo, vizinho em condomínio e parceiro - em vários sambas e num xote, "Pinto no Xerém" -, um cicerone cultural, que o levou a conhecer o Buraco Quente, na Mangueira, e a concorrida roda no Cacique de Ramos, apresentando a Chico, em lugares ritmicamente bem representativos, o internacional cartão de visita da cidade. Já o maestro Anselmo Mazzoni injetou nesse frequentador assíduo dos "happy hours" que animava na Casa de Cultura da Universidade Estácio de Sá ânimo para cantar as próprias músicas, a que Chico logo corresponderia com canjas que se transfigurariam em rematados shows.
         Juntos num palco, Chico Salles e Carlos Malta, de certo modo, encarnam duas expressões musicais que se afinam em sentidos geograficamente opostos, porém complementares no efeito de relevo e beleza.  Um "nordestino carioca", que alia no que canta e no que compõe a região de origem com a cidade de adoção, e um "carioca nordestino", cuja flauta não raro esculpe o vento nos ares do frevo e do baião. Um encontro que ainda pode promover outro tipo de sonora complementaridade: entre os conjuntos Chabocão, de Salles, e o Pife Muderno, de Malta. Tradição e renovação forrozando, num agarradinho só.
         Um bom feriado a todos. Muito grato pela atenção à dica.
 *** 
 Pós-escrito: a jovem Joana Queiroz não só encanta - com seu clarinete e sua música -, como também canta. Disso eu já sabia, mas pensava que os trinados da moça fossem ouvidos apenas entre amigos. Outra jovem de valor, Clarice Magalhães, pandeirista do Choro na Feira e que prepara o seu primeiro CD solo, escreve-me para observar que é pra valer, ou seja, que Joana, em show bem recente de dica passada, soltaria a própria voz no repertório de "Canções". Feito o registro, agradeço à Clarice o oportuno e fundamental adendo ao que escrevi. 

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