16.10.08

Dica do Gerdal: João Roberto Kelly hoje em Botafogo


Embora consagrado como compositor de marchas de carnaval - "o último dos moicanos no gênero", como diria o jornalista Zuza Homem de Mello -, João Roberto Kelly tem, no entanto, um outro lado da sua atuação musical que a imprensa atual, em grande parte, parece desconhecer. Aquele lado do pianista que, ainda nos anos 60, seria também conhecido como cultor do samba de balanço - expoente no ramo como Ed Lincoln, Orlandivo, Luiz Bandeira e Jadir de Castro, entre os criadores, e Miltinho e Dóris Monteiro, entre os intérpretes -, além do bom samba tradicional, como "Mormaço" - recentemente regravado por Alcione, numa produção do arranjador Paulão Sete-Cordas -, e que valeu a Kelly uma daquelas placas de homenagem, tão lisonjeiras, encontradas nas casas da seresteira Conservatória. Como outro jornalista, Artur Xexéo, observa, não se pode falar da animação musical de shows na tevê brasileira sem citá-lo, pois novamente a figura desse compositor carioca, nascido na Gamboa como Beth Carvalho, avulta como o criador de trilhas memoráveis para as extintas Rio e Excelsior, como as dos programas "Times Square", "My Fair Show" e "Praça Onze", além do "Musikelly".
João Roberto Kelly apresenta-se, logo mais à noite, nesta quinta, 16 de outubro, no Espaço Cultural Maurice Valansi - Rua Martins Ferreira, 48 - Botafogo - tel.: 2527-4044 ("flyer" acima) -, acompanhado pelo baixista Cláudio Mateus e pelo baterista Adílson Werneck. Um show realizado em clima de piano-bar, que ele tão bem conheceu nas luas boêmias de um Rio boa-praça, contando ainda para isso com um convidado muito especial: o trompetista Alexis Andrade, de 85 anos de idade. Protético de profissão, como Assis Valente, e músico mais por diletantismo, Alexis, amigo de Booker Pittman, que certa vez o presenteou com um trompete, integrou a Rio Jazz Orchestra e tocou, no camarim do Teatro Municipal, com Louis Armstrong, no qual, aliás, inspira-se para fazer vocalizações. Um figura bem conhecida e benquista pelos músicos de jazz do Rio de Janeiro, portador de um sopro admirado e aplaudido por gente que entende muito desse riscado, como o crítico José Domingos Raffaelli.

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