24.4.08

O Eterno Retorno de Shakespeare


(Curiosamente, ontem, dia 23 de abril Shakespeare faria aniversário de nascimento e de morte. Pois nasceu dia 23 de abril de 1564 e morreu dia 23 de abril de 1616 – acho que foi algum diretor de marketing que bolou isso, mas aqui vai uma croniqueta modificada que um dia publiquei em alguma página hoje empoeirada – A Wikipédia informa que esta data refere-se ao calendário juliano. No calendário gregoriano, Shakespeare foi batizado em 6 de Maio)
Tem uma senhora no condomínio em que moro que me acha com cara de balcão de informações. Ontem me perguntou quando eu passava pelo playground, se coelho bota ovo.
Percebi que viria algo mais pesado depois e respondi:- Só na época da Páscoa. Ela se deu por satisfeita, mas como não gosto de deixar um bom papo morrer assim,comentei,- A senhora sabia que ontem foi o aniversário de Shakespeare?
Não tinha nada a ver com o assunto em tela, mas deu resultado, ela mandou essa: - Que nome esquisito! Parece nome de um cara que levou um sacode?
Contive o riso e pacientemente expliquei que se tratava do maior dramaturgo inglês de todos os tempos.
-Para mim, inglês é tudo invertido. Ela mandou num cruzado.
Fingi que não ouvi e mostrei um jornal e jabeei:
- A Senhora sabia que tem sempre uma peça dele em cartaz no Rio? Acho que é para irritar a crítica Barbara Heliodora.
Ela devolveu com um direto no meu fígado: Esse tal de Milkshakespire não é da minha época, eu gostava mesmo era do Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Cyll Farney, Mazzaropi...
Cambaleei, mas voltei ao centro do ringue, não deixei a veneranda senhora respirar , disse que Shakespeare nunca tinha ficado fora de moda. Que me lembrava que seu eterno retorno tinha começado com aquele ator Kenneth Branagh .
-Branagáf? Ela se espantou. Pensou que eu tinha engolido algum mosquito da dengue. Confessei que era impossível pronunciar aquele nome. Pois é, esse cara mesmo fez um filme baseado no texto Henrique V do mago de Stratford-upon-Avon .
-Avon já é uma coisa do meu tempo. Ela falou como se mandasse um direto nas minhas fuças.
Já estava para desistir daquele papo aranha, quando ela voltou do mundo paralelo em que estava a me gozar e falou, lúcida como um expert do The Independent: Meu filho, vocé pensa que eu estou gagá, não é? Pois saiba que vocé está indo com a cocada e eu já estou voltando com a bandeja. Sei muito bem que depois desse Kenneth teve uma adptação bem afrescalhada de Romeu e Julieta com o Leonardo de Carpacio no papel principal.Antes que eu a corrigisse, ainda perplexo ela bateu no meu ombro e disse:
- É de Caprio eu sei, I’m kidding! Ha Ha Ha, entre risos disse:- se não me engano o diretor era…Não entendi mais nada. Ela continuou, depois veio “Shakespeare apaixonado”Com aquela garota de nome e sobrenome impronunciáveis:- essa tal de Gwyneth Paltrow.
Mas desses filmes mais recentes,o que mais gostei, foi o trabalho de Al Pacino, quando ele faz uma espécie de documentário sobre a dificuldade de entender Ricardo III.
Ali ele mostra que algumas peças do “Milkshake” são tão difíceis de compreender que deveriam vir acompanhadas de uma bula. Ele entrevista gente na rua que sabia falas de suas peças, mas não lembrava nada sobre os enredos em que elas se encaixavam. Pacino , então magistralmente nos leva a uma viagem onde tenta entender e explicar a complexidade da trama. Quer mais? Então fique aqui sentado esperando Godot. Quem sabe amanhã eu te falo sobre as frases do Milk, e conto as fofocas, uma delas diz que as peças na verdade foram escritas pela irmã dele. Essas feministas….

2 comentários:

ze disse...

'meu reino por um cavalo' e o sujeito a pé na guerra. houve o Mel Gibson fazendo Hamlet. há que faça trocadilho com 'fala de Sheik' - 'sheik speaks'. e tome Oriente.

LIBERATI disse...

Ainda vou achar no meio da confusão da minha escrivaninha a croniqueta que fiz sobre frases de bardo inglês.
Abração