19.2.08

Jack Bauer quem diria, virou jagunço!


Ô dia demais de cumprido!
A Rede Globo está passando mais uma temporada do seriado 24 horas. Num dia que perdi na poeira do tempo aproveitei a oportunidade para imaginar como seria uma aventura de Jack Bauer narrada na linguagem de Guimarães Rosa. Já sei que vocês vão dizer que Millôr, o grande mestre do Méier, já fez isso com a história de Chapeuzinho Vermelho.Sei que sou noviço na area, mas confesso que não resistí ao encanto da idéia de fazer essa adpatação geralista da trama do gringo Sutherland como jagunço dos bãos.
Nuncasei. Meu nome é Jáque Bau , Jaquibáu,coisa parecida, sô federá por encomenda e cai de asnices na defensiva de um grande citadino de altas considerações, político, candidato a governança e mais mais de uns traíra que na coitagem de me pegá manezando na beira de riacho que jacaré nada de costas.
Então monstra da ruindade veio me fazer de casebre, fiquei prenhe de medos e pari astúcias pra me forrá de peste. As medicinas homeopáticas simpáticas fala de um tal simila contra simila, cobra cascavé contra cobra cascavé. Mas, de tudo que já vi nesse mundo coisa do demo, deu justinho de me me acontecer desgraceiras eu mais minha família, Deus que me aproteja e seja louvado, treis veis,! Esse é o dia mais cumprido da minha vida.Um desdia com todo jeito.
Matinas- No váu das primícias deu de ter que enfrentá o redemunho das coisas de um tar que me assuntô num sonho , era um das árabias ,parecido turco-Kalil de panos e Aks 47. Vinha ele de tombar uma pilha de casa. arranha-céu de uma Novanhorque só de avião, dois ademais, assoei o nariz e nega-véia se acordô de tremuras e foi-se acender um lume. As fantasmagorias se desfizero na fumaça.
Negrume- Dia ainda não veio e já lacraia passeia querendo oreia quando garrei um toco de fumo e canivete nele, fiz um de paia e aproveitei do lume de nega-véia minha neblina e olho foi passear na moldura da janela.Formiga não era não aquele baruio.
Uns catrumanos brancos de rastejo vinham cobra cascavé abafando o chaquáio da ponta do rabo, mas de vez em quando um tropeçava no chaquáio do outro e plique pleque , ruído de maldade se espariava no meio do mio.Lingüinha de fora pedindo café tavam se escafedendo em fuga.Oiei pros lado não vi nega-véia meu norte, nem nossa filha Quimbe que deve ter se perdido no anarriê duma quadrilha de Santo Antônio casamentero.Pensei que ela deve ter se aprochegado dum desses de contrato e pistola de alugué. E agora? Só de marré me embestei pela estrada no rastro dos traste e nonada nequinhas de molengas eles vite se puseram na vertige do dia que aparecia num sol icterícia . Dei com os breques. Me vi indo e nisso já estava. Sinhô moço assuntado em maravilhas me explique , tenho de ? Nuns interins, tins e rins chacoalhava no lombo de meu pangaré mal vi o olho seu dizendo nuncas.O citadino defeso estava no cerco do desentendimento. Um tar de soldado amarelo prum lado, jagunço pro outro que é tudo a mesma coisinha. Tranquilizei meu rifle, azeitei bala, fiquei assim, assim, abrindo veredas na idéia quando chegou um qualquer moleque de recado dizer coisas que não queria ouvir, contrato de um deputado, homem bão , que eu devia de mandar chumbo grosso, mas para cima do tar citadino político, muito considerado candidato a cargo de governo grande, gente governada, ceis sabe. O tar que eu devia de aprotegê.
Arrisquei divinhação de que nega-véia meu sabor de jatobá e menina Quimbe já estava nas garra do cão, como o Hermoge daquele livro das vereda de um minero que escreve coisas de Riobaldos. E eu tinha de.
Nem pensei duas veiz,juntei bala um pedacinho de chumbo , e menino qualquer de recado debaixo do braço, levado no muque, parti atrás do recadante e fez sombra, tava perto, mandei: óia quem vem lá filho d’égua como carrapato , chupa cabra feladamulhedezona que agora sou Babauer- filho de Bem Bem e do Mau Mau . Nada de chumbo pra cima d'eu,só recebi bons dias e uns caraminguá. Devia fazer serviço no tar político.
Fui na confiança e varri sombra, arve, punhal. Ranquei cabeça de cobra e arresumindo matei todo mundão ,sertão é minha testemunha, matei o citadino meu aprotegido e mais nega véia minha mala, que tava me enchendo os pacová. Só salvei Quimbe que vendi num garimpo pra mode aliviá uma serra pelada inteira. Isso fiz despois de me fazê de buriti no meio da fumacera do tiroteio. Agora vivo no sossego , só de vez em quando mudo de cama e quarto durmo na mira e sei que ainda vão me pegá numa Cepeí dessas, mas o recadante que é deputado, homem bom o feladamãe, que me pagou adiantado prá fazer os serviço no home, o tar político candidato que eu devia aprotegê me disse que o cheque vai chegar num banco desses brasís, coisa grossa, mas senti armadilha, do Oiapoque ao Chuí,assim, posso falar de tranqüilidade porque nada me atinge , nada de federá, porque ninguém acredita que eu despachei um republicano famoso, eu um pobre diabo, que quase não sou gente. Quem vai creditá? Sou agora outro homem de memória fraca, num sei de nada, nemnunca!
Agora só mato uns e outros miudagente, sô jagunço de romance. Jéque Babáu. Inté mais!

6 comentários:

TS disse...

'Cê besta, hômi! Muito mió quesse tar de Chaperzim Verméio de Milô.

Cabra bom lida cum trabuco, i dispois arrastapé no jequibau cum Donana-buniteza, sô!

Carece máis?? Carece náum! Inté!

(acho que baixou um caboclo...; bjj da..."sem ponto e sem nó")

Anônimo disse...

Nem Capitão Nascimento conseguiria si "fazê de buriti no meio da fumacera". Jaquibáu é o verdadeiro (anti)herói do Brasil!
Muito bom! Abração,
Marcio

ze disse...

balas, balas, e mais balas. eu estou cansado de morte diária desde sempre por balas. e vivemos isto desde sempre no sul e no norte. Chicão Xucuru cacique índio dos Xucurus assassinado no governo FH quando o vice era Maciel [veneno de serpente este meu] : matador destes que vc fala e aconteceu ontem praticamente, em Pernambuco. Terras latifundiárias. Reforma agrária necessária.

ze disse...

falar de cacique índio assassinado nos remete ao livro 'Enterrem meu coração na curva do rio' lá dos EUA. não era até pouco tempo esporte, matar índio? muita desgraça diária. outro dia um bebê de colo no colo levou tiro e morreu e a polícia disse que seria um futuro traficante. !!!

sizenando disse...

bacana, liberati, bacana.

e olhe, jack bauer ia gostá: trata-se, afinal, de um herói patriota, encarna de fato, o personagem, o significado de patriota.

sou fã do jack, falo a sério. o sériado é ótimo, bem feito, digamos assim, super aggiornado como manda o figurino.

não assisti, ainda, o filme com nosso comandante de tropa de elite mas acho que posso dizer que está encarnando nos dias de hoje uma verdadeira volante. pena não termos críticos de cinema pra nos ajudar a nos entender, paciência.

logo logo, graças à globo, nosso capitão vai fazer companhia pro jack.

e torço, firmemente, pro jack encontrar a paz dele com a namorada que julgava morta num acidente na China...

LIBERATI disse...

Queridos amigos Tinê, Marcio,Zé e Sizenando, desculpem não responder aos comentários individualmente. É que meu filho passou por aqui e não é sempre que eu encontro esse garoto que me deixa num estado tal de felicidade que não consigo fazer muita coisa pelo blogue. Depois me enrolei com trabalhos e família, médicos e coluna. Tanta é a confusão que nem estou publicando a charge política. Mas eu volto logo com ela e mais coisas.Só vou respirar um pouco. Gosto muito desta série do Jack Bauer, até tenho um artigo que comecei a escrever e não terminei sobre sua complexa personalidade. Também esbocei algo sobre Tropa de Elite e essas acusações de fascismo. Mas preciso de tempo como falei para botar as coisas em ordem. Num sei não mas parece que, num sei, acho eu que esse mundão começô a rodá reapido de mais e eu inté tô com esse trem de labirintites rodopios redemunho na cachola.
Grande abraço em todos